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A cidadania italiana sempre foi uma ponte direta entre brasileiros e a Europa, especialmente para quem tem laços de sangue com imigrantes italianos.

No entanto, recentes discussões no parlamento da Itália indicam uma mudança significativa nas regras, o que pode impactar milhares de brasileiros.

Saber como era antes e o que muda agora é essencial para quem está prestes a iniciar o processo.

Neste artigo, vamos explicar, de forma clara e didática, cada detalhe das novas exigências e seus desdobramentos.

Como funcionava a cidadania italiana antes

Durante décadas, o reconhecimento da cidadania italiana funcionava sob o princípio do jus sanguinis (direito de sangue).

Isso significava que qualquer descendente de italiano poderia solicitar a cidadania, independentemente de gerações passadas, desde que pudesse comprovar documentalmente sua linha de ascendência direta.

Cidadania italiana
Foto: Taiga/Freepik

Além disso, não havia limite de gerações. Se você fosse tataraneto de um italiano nascido na Itália, e sua linha de descendência fosse contínua (sem renúncia à cidadania italiana), o direito era legítimo.

Outro ponto importante era a isenção de exigência de conhecimento da língua italiana para os pedidos administrativos, especialmente feitos diretamente na Itália.

Esse contexto favorecia milhares de brasileiros, que, mesmo com pouca ligação com a cultura italiana, conseguiam obter o reconhecimento legal da cidadania.

As novas regras da cidadania italiana em 2025

O ano de 2025 trouxe uma proposta de reforma bastante discutida e polêmica na Itália.

A câmara italiana começou a avaliar mudanças nas regras de reconhecimento de cidadania para descendentes de italianos no exterior, com foco direto em países como o Brasil, onde o número de solicitações é expressivo.

Entre os principais pontos da proposta, destacam-se:

  • Limite de gerações: a cidadania italiana seria restrita a no máximo três gerações a partir do cidadão italiano nascido na Itália.
  • Obrigatoriedade do idioma: os requerentes teriam que comprovar nível B1 de proficiência em italiano, mesmo em pedidos feitos por via administrativa.
  • Residência mínima na Itália: Em alguns casos, pode haver exigência de período de residência no país, o que antes era necessário apenas em vias judiciais.
  • Documentação mais rigorosa: O processo passaria a exigir certidões mais recentes e tradução juramentada específica, com prazos de validade mais curtos.

Essas propostas continuam em análise, mas causam apreensão entre brasileiros que planejam solicitar a cidadania nos próximos anos.

Principais impactos para os brasileiros

A possível aprovação dessas mudanças afeta diretamente os brasileiros em diferentes estágios do processo. Para aqueles que ainda não iniciaram a busca por documentos ou a contratação de assessorias, o cenário pode se tornar mais restritivo.

O fim da concessão ilimitada de gerações, por exemplo, exclui uma parcela significativa de descendentes.

Além disso, a exigência de proficiência no idioma representa um desafio. Embora o italiano seja de fácil assimilação para falantes de português, o nível B1 exige estudo formal, preparação e certificação, o que pode tornar o processo mais caro e demorado.

Outro impacto relevante está na crescente judicialização: mais brasileiros podem recorrer à justiça italiana para garantir o direito à cidadania antes da entrada em vigor da nova lei, o que pode sobrecarregar ainda mais os tribunais do país.

Por fim, é preciso considerar o aspecto emocional: muitas famílias viam na cidadania italiana uma forma de manter viva a memória dos antepassados e garantir oportunidades no exterior.

Com as mudanças, esse vínculo pode se tornar mais distante e restrito.

Repercussão entre especialistas e comunidades italianas no Brasil

A proposta de alteração na lei da cidadania italiana já está gerando ampla repercussão entre advogados de imigração, consulados e comunidades ítalo-brasileiras.

Muitos especialistas apontam que as novas regras ferem o direito histórico dos descendentes e contradizem o próprio princípio do jus sanguinis, base do ordenamento jurídico italiano sobre cidadania.

Associações como a FECIB (Federação das Entidades Ítalo-Brasileiras) já se manifestaram contra as mudanças, solicitando maior diálogo com os parlamentares italianos. Além disso, grupos em redes sociais e fóruns de discussão têm mobilizado descendentes a acelerar seus processos e buscar apoio jurídico antes que a lei entre em vigor.

Nos consulados, a orientação é de cautela: nada muda oficialmente até que a proposta seja aprovada e publicada. Contudo, há um alerta geral para que os interessados se informem e, se possível, iniciem o processo quanto antes.

Como se preparar para as mudanças na cidadania italiana

Diante do cenário de incertezas, há algumas ações práticas que podem ajudar quem ainda deseja obter a cidadania italiana:

1. Inicie o processo documental imediatamente

Buscar as certidões de nascimento, casamento e óbito dos antepassados italianos é um passo demorado. Quanto antes você reunir os documentos, mais rápido poderá entrar com o pedido, seja no Brasil, seja na Itália.

2. Aprenda o idioma italiano

Mesmo que a exigência do B1 ainda não esteja vigente, aprender o idioma é uma vantagem competitiva. Além de facilitar a comunicação com órgãos italianos, isso ajuda em futuras oportunidades de estudo e trabalho na Europa.

3. Considere vias alternativas

Alguns casos ainda permitem ações judiciais na Itália, que podem contornar os prazos consulares e regras futuras. Contratar um advogado especializado pode ser uma alternativa estratégica.

4. Mantenha-se informado

Siga canais confiáveis, consulte os sites oficiais dos consulados e inscreva-se em newsletters de especialistas. Assim, você não será pego de surpresa.

O futuro da cidadania italiana e o que você pode fazer agora

A possível reformulação da lei da cidadania italiana acende um sinal de alerta para milhares de brasileiros descendentes de italianos. Embora ainda esteja em fase de discussão, a proposta já revela uma tendência de maior rigor por parte do governo italiano.

Por isso, compreender as mudanças propostas, como a limitação de gerações, exigência de idioma e novos critérios documentais, é fundamental para tomar decisões seguras.

Se você carrega um sobrenome italiano, uma história de família enraizada no país europeu e o desejo de reconectar-se com essas origens, não espere a lei mudar para agir. Informe-se, planeje-se e dê início ao seu processo com consciência e propósito.

O direito à cidadania é um legado, e preservar esse legado depende, agora, da sua iniciativa.

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